A casa tinha vários quartos e acabei ficando sozinha em um deles. Acordei para achar um daqueles cascos dos tamanhos maiores ao lado de minha cama sobre um criado mudo. Eu tinha certeza que ele não se encontrava lá na noite anterior.
Levantei bem disposta e com vontade de fazer muitas coisas. Tinha que usar o banheiro e parei na porta. Uma confusão surgiu em meus pensamentos e algo me dizia que eu tinha que levar a estranha pedra comigo.
Achei a idéia ridícula e tirei tal coisa dos meus pensamentos. Por qual motivo eu andaria com aquela pedra feia pela casa.
Na saída do banheiro encontrei uma das amigas de Jennifer. Com perplexidade percebi que ela carregava um casco em suas mãos e lembrei que deveria ir buscar o casco no meu quarto, mas afastei o ridículo pensamento.
Na sala encontrei Jennifer sozinha sentada no sofá em silêncio. Sua posição imóvel e com um olhar distante e perdido chamou a minha atenção. Ela demorou a perceber a minha presença e falou:
--- Bom dia para você, como passou a noite Rebeca?
--- Bem. Acho que vou andar um pouco, preciso gastar energia, precisa de ajuda na cozinha?
--- Não, fique tranquila, cuidamos de tudo, pode passear.
Cruzei com as amigas de Jennifer, ambas segurando as pedras escuras. Julia, que no dia anterior estava com a mão limpa, tinha uma grande mancha do musgo no braço. Pensei em chamar a minha amiga Clara em seu quarto para saber se ela queria andar, mas melhor deixá-la dormir mais.
Aproveitei para conhecer mais a propriedade. No salão de jogos também existiam algumas pedras como enfeite. Eu sentia compulsão por pegá-las e levá-las comigo, mas resisti a essa ideia sem sentido.
Andei um pouco pelas plantações. As únicas pedras estranhas que vi foram dentro da casa e no salão de jogos, nenhuma perdida pelo terreno.
Passei o restante do dia lutando contra uma vontade extrema de segurar um dos cascos. Pensei em ir embora, mas desisti da ideia. As outras visitantes levavam suas pedras para todo o lugar. Quando perguntei o motivo de tal companhia todas disseram se sentir bem levando a pedra da saúde junto de si mesma.
Amanda e Jennifer pareciam constantemente irritadas. Era comum vê-las perdidas nos próprios pensamentos, caladas e sem olhar para nada de especial. Algumas vezes ligavam a televisão para parecer que estavam assistindo. Ambas só vestiam roupas que escondiam a maior parte de seus corpos.
Antes de ir dormir chamei Laura, minha amiga, para conversar. Eu havia decidido ir embora no outro dia logo cedo e queria que ela fosse embora junto. Era evidente que algo estava esquisito e anormal naquele lugar.
Laura não ligou muito para as minhas palavras. Parecia aérea em alguns momentos. Achava natural e normal levar aquela pedra para todo o lugar. Eu precisava ir embora. Algo estava muito errado.
Fui para o meu quarto e procurei em todos os lugares por alguma pedra escondida. Eu queria ficar longe daqueles objetos. Eu estava muito cansada. Queria dormir.
Continua...
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