Todos os tatuados fomos aos poucos sendo pegos e levados embora. Muitos tentaram se esconder sem sucesso. Mais uma vez fui pego com violência pela coleira e arrastado por corredores.
Fui deixado em outra sala grande, dessa vez com outros colegas tatuados e mais rostos novos, um grupo de garotas.
As garotas estavam usando a mesma estrutura que nós homens, proteções nos pés, joelhos, luvas nas mãos e coleiras. Estavam sem calças expondo suas bundas. Mas eram facilmente diferenciadas pelos peitos soltos. Não disseram uma palavra, o que significa que estavam sob a mesma restrição. Olhavam com curiosidade para nós homens. Pude deduzir que pelo menos um terço dos homens foram tatuados e separados, ou seja, devem ter sido os primeiros a perder o cabo de guerra. A informação de que precisavam de mais fêmeas não saia da minha cabeça.
O local era um grande galpão. Tinham vários colchonetes no chão e muitos potes com água. O ambiente não era diferente do que tínhamos acordado.
Alguns rapazes tinham tentado montar nas garotas e foram imediatamente rejeitados. Fiquei surpreso na capacidade do ser humano em pensar em sexo. Alguns tentaram se comunicar desenhando letras no chão, mas o processo era lento e pouco eficaz.
Após algum tempo sem novidades uma série de televisores nas paredes se acenderam por todos os lados. A imagem mostrava um grupo de pessoas como nós, brincando com bolas de borracha coloridas. O filme passou e foi repetido várias vezes. Sempre o mesmo grupo de mulheres brincando animadamente pegando e soltando as bolas coloridas com a boca e agindo como cadelas.
Eu já não aguentava mais a repetição do filme, quando um grupo de homens entrou no galpão jogando muitas bolas coloridas de borracha, do tipo usado para cachorros. Ninguém se importou muito com as bolas, acho que todos estavam com medo dos homens.
Os dias se passaram e a rotina era idêntica. Horas de filme com as mulheres brincando com as bolas, rações colocadas e água reposta para nosso consumo, banhos com mangueiras e outras atividades. As vezes o casal bem vestido nos visitava. Diariamente recebíamos uma injeção na bunda com uma pistola, no começo tentei me esconder e evitar algumas vezes, depois desisti porque nunca consegui passar desapercebida.
Embora fosse um grupo, sem estabelecer comunicação eu me sentia bastante sozinho. Os rostos de tristeza de todos só me deixava ainda mais deprimido.
Eu imaginava nomes ou apelidos para os outros e foi com surpresa e perplexidade que vi um dos rapazes, que eu chamava de Willy, começar a brincar com as bolas. A tristeza sumiu do rosto de Willy que passou a se comportar como as mulheres do vídeo.
Os filmes evoluíram conforme os dias se passaram, mostrando pessoas brincando e interagindo com os “cachorros”. A cada dia mais rapazes e garotas se juntaram a Willy. Brincavam com as bolas, brincavam entre si, as vezes tentavam brincar com nós e brincavam com o casal bem vestido e recebiam afagos deles. Estavam agindo como nos filmes.
Pequenos peitos nasceram em todos os rapazes e meu pinto nunca mais ficou duro. Também pude perceber diferença na minha pele. Durante os banhos todos os meus pelos e a barba caíram para não mais crescerem.
Quase chorei quando senti vontade de pegar a bola. Percebi que tinha dificuldade para lembrar a minha vida anterior. Éramos poucos agora.
Não consegui resistir. Não consegui raciocinar. Acho que por algum tempo esqueci de tudo. Não sei a razão, mas recobrei a minha consciência. Sentia bastante vontade de satisfazer meu instinto e agir como um cachorro, mas conseguia raciocinar. Com tristeza vi a última mulher se entregar.
Os filmes tinham se tornado mais complexos mostrando as “cadelas” em muitas situações diferentes. Algumas dessas situações mostrava-as tendo relações sexuais com homens transformados em cachorros ou com cachorros reais.
Se alguém ainda era capaz de raciocinar ou lembrar da vida anterior eu não conseguia perceber, só tentava agir como todas.
Não podia imaginar que destino me aguardava.
Continua...
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