Eu gostava de recepcionar os novos escravos. Dessa forma eu podia buscar alguém com qualquer traço de capacidade de resistir. Por enquanto a minhas buscas tinham sido em vão.
Nossos mestres se multiplicaram junto com o número de escravos. Com isso cresceram nossos recursos e nossa estrutura.
Todos os dias chegava pelo menos um escravo ao escritório, sendo encaminhado para a comunidade. As ações de expansão davam o resultado planejado.
Quanto mais o tempo passa os escravos mais velhos perdem muito da sua capacidade de comunicação e de se passar como pessoas normais. Eu não perdi essa capacidade e com isso me tornei uma espécie de relações públicas. Se alguém desconfiava da minha possibilidade de raciocinar e resistir em alguns momentos nunca deu indicações.
Não existe uma comunicação direta entre mestres e humanos. Acredito que os mestres se comunicam uns com os outros, mas não sei como. Nós sentimos o que eles desejam e o que temos que fazer. Mas na prática somos quase como animais de estimação para eles, sabemos o que nossos donos querem, mas não nos comunicamos inteiramente com eles.
Um homem bateu na porta do escritório. Sua situação de confusão indicava ser um novo escravo. Com vinte minutos de conversa eu soube que o homem era apenas mais um escravo normal e mandei ele seguir para a comunidade levando suas crias.
O desenvolvimento dos mestres é bastante rápido. Um mestre nascido leva entre duas a três semanas para atingir um tamanho de adulto. Eu nunca havia visto o falecimento de nenhum para saber seu tempo de vida.
***
Já havia recém anoitecido quando alguém bateu a porta. Imaginei que talvez mais um escravo tivesse chegado e atendi como sempre. Era um homem bem vestido, uns quarenta anos de idade, que se apresentou mostrando um distintivo:
--- Meu nome é Armando Castro, sou detetive do terceiro departamento da policia civil. Podemos conversar?
A situação me pegou de surpresa, mas uma das nossas características como escravos é que somos forçadamente calmos. A visita podeia ser um perigo para alguns dos mestres presentes. Nenhum escravo conseguia ficar longe de um mestre sem entrar em pânico. Respondi tranquilamente:
--- Pois não, meu nome é Rebeca, entre por favor, em que posso ajudá-lo?
O homem se acomodou em frente a minha mesa e disse:
--- Estive algumas vezes na vila onde vocês se denominam como comunidade e me indicaram para conversar com você. Temos uma série de reclamações de familiares deixados para trás por pessoas que deixaram as suas vidas e se uniram a vocês.
Aquele não era o primeiro estranho a fazer perguntas e não seria o último, mas era o primeiro policial que eu estava recebendo. As ordens dos mestres dizia para sempre aliciar membros estranhos para serem futuros escravos, mas preferi descobrir mais:
--- Muitos estão aderindo a nossa filosofia e se juntando a nós. Respeitamos as leis e não recebemos menores de idade desacompanhados pelos responsáveis legais. Você já visitou a comunidade, localizou quem procurava e conversou com ele ou ela?
--- Sim, conversei com várias pessoas na comunidade e na delegacia e todas declaram que estão lá por vontade própria e que são felizes na comunidade. Submetemos alguns de seus membros a conversa com uma psicóloga nossa e sabemos que algo está errado, mas nada tão anormal que justifique uma interdição. Também todos estão com boa saúde física atestada por nosso médico.
Se o homem não havia sido aliciado em uma das suas visitas a comunidade é que outros escravos também não acharam prudente tal ação. Não achava que uma decisão dessas era possível pelos outros.
--- Se é assim, acho que pouco posso ajudá-lo Detetive Armando. Eu também sou adepta da filosofia de nossa comunidade, embora viva parte do meu tempo aqui e parte na comunidade.
Era muito difícil fazer diretamente um ato a fim de prejudicar ou desagradar os mestres, meu corpo reagia a isso. Eu também não acreditava que aquele homem poderia ser uma solução para acabar com os mestres. Mesmo que eu conseguisse falar algo a verdade colocaria os outros escravos em risco. O policial continuou:
--- Poucos de seus seguidores são aqui da cidade, sendo a maioria vinda diariamente de outros lugares. Já conversei com alguns que chegaram, mas a respostas nunca são muito claras.
--- Atendemos muitas pessoas desiludidas com a vida e com seu estado anterior a aceitação de nossa filosofia. Essas pessoas estão muito confusas e nós procuramos ajudá-las.
O homem se levantou e disse:
--- Obrigado por sua atenção Senhorita Rebeca. Acredito que nos encontraremos novamente.
Respondi educadamente:
--- Nossas portas estão sempre abertas.
O policial deixou a casa e imaginei por quanto tempo ainda estaríamos em segurança. Se em alguma situação um dos mestres caísse em mãos erradas.
Continua...
Nossos mestres se multiplicaram junto com o número de escravos. Com isso cresceram nossos recursos e nossa estrutura.
Todos os dias chegava pelo menos um escravo ao escritório, sendo encaminhado para a comunidade. As ações de expansão davam o resultado planejado.
Quanto mais o tempo passa os escravos mais velhos perdem muito da sua capacidade de comunicação e de se passar como pessoas normais. Eu não perdi essa capacidade e com isso me tornei uma espécie de relações públicas. Se alguém desconfiava da minha possibilidade de raciocinar e resistir em alguns momentos nunca deu indicações.
Não existe uma comunicação direta entre mestres e humanos. Acredito que os mestres se comunicam uns com os outros, mas não sei como. Nós sentimos o que eles desejam e o que temos que fazer. Mas na prática somos quase como animais de estimação para eles, sabemos o que nossos donos querem, mas não nos comunicamos inteiramente com eles.
Um homem bateu na porta do escritório. Sua situação de confusão indicava ser um novo escravo. Com vinte minutos de conversa eu soube que o homem era apenas mais um escravo normal e mandei ele seguir para a comunidade levando suas crias.
O desenvolvimento dos mestres é bastante rápido. Um mestre nascido leva entre duas a três semanas para atingir um tamanho de adulto. Eu nunca havia visto o falecimento de nenhum para saber seu tempo de vida.
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Já havia recém anoitecido quando alguém bateu a porta. Imaginei que talvez mais um escravo tivesse chegado e atendi como sempre. Era um homem bem vestido, uns quarenta anos de idade, que se apresentou mostrando um distintivo:
--- Meu nome é Armando Castro, sou detetive do terceiro departamento da policia civil. Podemos conversar?
A situação me pegou de surpresa, mas uma das nossas características como escravos é que somos forçadamente calmos. A visita podeia ser um perigo para alguns dos mestres presentes. Nenhum escravo conseguia ficar longe de um mestre sem entrar em pânico. Respondi tranquilamente:
--- Pois não, meu nome é Rebeca, entre por favor, em que posso ajudá-lo?
O homem se acomodou em frente a minha mesa e disse:
--- Estive algumas vezes na vila onde vocês se denominam como comunidade e me indicaram para conversar com você. Temos uma série de reclamações de familiares deixados para trás por pessoas que deixaram as suas vidas e se uniram a vocês.
Aquele não era o primeiro estranho a fazer perguntas e não seria o último, mas era o primeiro policial que eu estava recebendo. As ordens dos mestres dizia para sempre aliciar membros estranhos para serem futuros escravos, mas preferi descobrir mais:
--- Muitos estão aderindo a nossa filosofia e se juntando a nós. Respeitamos as leis e não recebemos menores de idade desacompanhados pelos responsáveis legais. Você já visitou a comunidade, localizou quem procurava e conversou com ele ou ela?
--- Sim, conversei com várias pessoas na comunidade e na delegacia e todas declaram que estão lá por vontade própria e que são felizes na comunidade. Submetemos alguns de seus membros a conversa com uma psicóloga nossa e sabemos que algo está errado, mas nada tão anormal que justifique uma interdição. Também todos estão com boa saúde física atestada por nosso médico.
Se o homem não havia sido aliciado em uma das suas visitas a comunidade é que outros escravos também não acharam prudente tal ação. Não achava que uma decisão dessas era possível pelos outros.
--- Se é assim, acho que pouco posso ajudá-lo Detetive Armando. Eu também sou adepta da filosofia de nossa comunidade, embora viva parte do meu tempo aqui e parte na comunidade.
Era muito difícil fazer diretamente um ato a fim de prejudicar ou desagradar os mestres, meu corpo reagia a isso. Eu também não acreditava que aquele homem poderia ser uma solução para acabar com os mestres. Mesmo que eu conseguisse falar algo a verdade colocaria os outros escravos em risco. O policial continuou:
--- Poucos de seus seguidores são aqui da cidade, sendo a maioria vinda diariamente de outros lugares. Já conversei com alguns que chegaram, mas a respostas nunca são muito claras.
--- Atendemos muitas pessoas desiludidas com a vida e com seu estado anterior a aceitação de nossa filosofia. Essas pessoas estão muito confusas e nós procuramos ajudá-las.
O homem se levantou e disse:
--- Obrigado por sua atenção Senhorita Rebeca. Acredito que nos encontraremos novamente.
Respondi educadamente:
--- Nossas portas estão sempre abertas.
O policial deixou a casa e imaginei por quanto tempo ainda estaríamos em segurança. Se em alguma situação um dos mestres caísse em mãos erradas.
Continua...
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