Acordei com um susto, como quem acaba de despertar de um pesadelo. Eu não me lembrava de ter adormecido e não sabia que local era aquele.
Tentei ordenar os pensamentos para saber o que poderia estar acontecendo, mas a minha última lembrança é estar no hotel na mesma cama que a arrumadeira do hotel.
A sala era grande, inteiramente branca e bastante impessoal, me lembrava um quarto de hospital. Não haviam janelas, mas alguns espelhos grandes me indicaram que poderiam ser espelhos de dois lados. Eu podia ver as câmeras no teto me vigiando.
Alguns mestres adultos e pequenos estavam comigo na cama e outros estavam espalhados pelo chão da sala. Além da cama onde eu estava existia outra cama de solteiro vazia e um sofá de três lugares com uma poltrona do lado, sobrando bastante espaço livre pela sala. Nenhum sinal da camareira do hotel que tinha gerado novos mestres no dia anterior.
Eu ainda me sentia um pouco mole. Percebi que tinha sido sedada de algum modo. E isso significava que poderia ter sido capturada.
Arrisquei colocar as pernas para fora e levantar devagar. Meu corpo estava se recuperando rapidamente, esse era um dos bônus recebidos dos mestres, é muito difícil um dos escravos ficar doente e ferimentos cicatrizam muito rápidos.
Caminhei até uma porta entreaberta que percebi ser um banheiro e lavei o rosto. Era um banheiro simples, mas com uma grande banheira que acomodariam três ou quatro pessoas com folga.
Voltando para o quarto percebi a porta maior e que se encontrava fechada abrindo devagar para dar passagem a uma pessoa. Para uma doce surpresa quem entrou foi minha amiga e companheira de escravidão Amanda, a quem eu julgava morta.
Ela entrou com calma e olhando com certo receio para os mestres, passando longe deles. Sorrindo para mim disse:
--- Por favor, não me toque e não posso de forma alguma tocar um dos mestres. Eu estou livre de sua influência.
A informação me surpreendeu. Eu não sabia se isso era possível, mas provavelmente o fato estava ligado a meus captores. Perguntei com algum entusiasmo:
--- E Jennifer e outras pessoas, estão vivas?
--- Não, acredito que não. Jennifer não estava comigo no momento de minha captura, é quase certo que morreu na explosão junto com quase todos. Eu fui capturada com outros dois escravos novos pouco antes da explosão, eles planejavam sequestrar Jennifer e eu que sabiam que organizávamos a comunidade, mas não localizaram Jennifer. Não sabiam das bombas, planejavam cercar e controlar a comunidade para depois investigar aos poucos.
Com tristeza perguntei:
--- Quem ativou as bombas?
--- Não sei. Eu estava presa e com um capuz na cabeça quando escutei a gigantesca explosão. Vários agentes do governo morreram por lá, além de nossa gente.
--- Então eu fui localizada através de você.
Ela demorou um pouco a falar. Olhava as vezes com receio para os mestres. Eu não sei como eles estavam reagindo a ela, mas estão sempre interessados em novos escravos. Difícil eu saber como eles interpretavam Amanda. Ela falou:
--- Sim. Eles estavam acompanhando cada passo seu. Se tivesse deixado o hotel alguns dias depois da explosão não teria dado tempo de encontrá-la por lá. Eu só passei a colaborar quando fiquei livre e os primeiros sinais disso levaram mais de uma semana para acontecer.
--- Como eles conseguiram isso?
--- Eles me disseram que com uma mistura de drogas, tratamento de eletrochoque e estando totalmente isolada dos mestres. Foi um processo bastante doloroso. Um dos escravos novos morreu de overdose durante o processo, ainda deve ser bastante experimental. Sua amiga já está em tratamento.
Eu fiquei um misto de felicidade e tristeza. Eu queria a liberdade, mas amava os mestres e não queria me ver afastada deles. Amanda só disse que a camareira está em tratamento e nada disse sobre mim. Eu estava junto com os mestres e não isolada. Resolvi perguntar:
--- E eu? Se não estou em tratamento, o que querem de mim?
Ela abaixou a cabeça, para pouco depois dizer:
--- Eu acreditava que você seria logo libertada da escravidão, mas realmente não sei. Meu status aqui não é muito diferente do seu, sou como uma prisioneira em observação. Eu não sinto nada pelos mestres que não seja repulsa e medo, mas como saber se isso não irá mudar em algum momento. Tudo é muito novo.
Uma médica entrou na sala e fez um gesto para Amanda que se despediu e saiu prometendo voltar quando pudesse. Ela realmente olhava com pavor para os mestres.
A médica me informou que faria um exame de sangue e não falou ou respondeu qualquer outra pergunta. Tirou seis tubos de sangue do meu braço e deixou rapidamente a sala sem maiores esclarecimentos.
Fiquei sozinha e não tinha nada a fazer na sala. Agradeci quando senti que estava sendo desligada. Eu odiava esse estado, mas que estava sendo bem vindo naquele momento.
***
Acordei do meu modo desligado com uma outra médica entrando na sala. Minha mente estava focada em fazê-la tocar um dos mestres para torná-la uma nova escrava. Eu não acreditava que os mestres pudessem entender que éramos prisioneiros e que eles poderiam ser mortos e dissecados a qualquer momento.
A médica tentou dar um sorriso que logo desapareceu e falou:
--- Eu sou a Dra. Sasha, sou a responsável pelos estudos em andamento aqui.
Continua...
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