Acordei naquele cubículo assustada. Lembrava do homem me perguntando informações sobre alguma rua e do pano úmido e com cheiro forte em meu rosto.
Sou recém-formada e minha conta bancária vive com pouco dinheiro ou negativa, não posso imaginar que alguém fosse me sequestrar para obter qualquer tipo de compensação financeira. Minha família é humilde e mora bastante longe.
Examinei meu corpo. Minhas roupas estavam intactas e não senti nada diferente na região vaginal. Isso significava que provavelmente eu não tinha sofrido um estupro ou algo similar, mas minha bolsa, relógio e todas as bijuterias tinham desaparecido. Mas se fosse um simples assalto eu não estaria presa naquele lugar.
A cama onde eu estava era estreita como o cubículo onde eu me encontrava presa. Na parede estavam uma pequena pia e uma privada. Como estudante de direito eu já tinha visitado uma prisão e aquele ambiente me lembrava muito algo assim, tirando o fato que eu me encontrava só.
No fundo da cela havia uma fileira de lajotas de vidro que desciam do teto até o chão e por onde penetrava uma forte luz natural. A entrada da cela estava protegida por uma grande grade fechada.
Levantei devagar. Eu ainda sentia os efeitos de alguma droga que deveria estar naquele pano de cheiro forte, mas já estava me recuperando.
A cela devia ficar em um final de um corredor de pouca luz. Eu podia enxergar a parede do meu lado esquerdo e apenas a escuridão relativa do lado direito até onde a minha visão alcançou. Lamentei não ter mais o meu estojo de maquiagem que está na minha bolsa. Com meu espelhinho poderia ver mais longe.
Uma música chata vinha da parte alta da minha cela, mas não consegui ver uma origem exata de onde. A mesmo estava presente vinda do corredor. Seu volume não chegava a incomodar, mas seu ritmo é lento, cansativo e repetitivo, parecendo algum trecho de alguma música sendo repetida. Não consegui identificar os instrumentos musicais usados, talvez fosse um teclado eletrônico.
Não havia muito mais a explorar e minhas primeiras impressões sobre uma fuga não eram animadoras. As paredes eram firmes, a cama formada de uma madeira fina e a pia e a privada eram de plástico e não muito resistente. Talvez eu pudesse produzir uma arma destruindo a cama ou a pia, mas isso levaria tempo e eu podia estar sendo observada, embora não conseguisse identificar uma câmera a monitorar o ambiente.
Acho que se passaram umas duas horas e o corredor foi iluminado. Alguém estava vindo vagarosamente e estava empurrando uma espécie de carrinho.
Tentei permanecer calma, mas lágrimas brotaram em meu rosto. Comecei a implorar por ser solta e pedir ajuda, mas só obtive a companhia do silêncio como resposta.
Uma mulher colocou-se em frente a grade. Devia ter algo entre trinta e trinta e cinco anos e usava um cabelo curto. Vestia um traje simples e bege. Retirou uma bandeja pronta de dentro do carrinho e a inseriu por uma abertura horizontal e estreita que ficava sob a grade.
De nada adiantou meus berros ou meu choro forte. A mulher retirou-se no mesmo caminhar lento que havia chegado e sem expressar nenhuma emoção ou dizer qualquer palavra.
Chorei em desespero por algum tempo, imaginando o que aquela mulher ou quem estava por trás do meu cárcere queria comigo. Se não era dinheiro, o que seria.
Eu precisava ficar calma para raciocinar com clareza e para me distrair e fui examinar a comida deixada.
Num prato branco de plástico estava uma salada de folhas com alguns legumes e havia um copo com água e talheres, todos plásticos. Eu não poderia fazer deles uma arma.
Eu nunca fui uma fã de carne vermelha ou branca, mas não gostaria de uma dieta vegetariana em longo prazo. De qualquer modo eu não estava com fome, precisava pensar e fazer planos. Precisava deixar aquele lugar o mais rápido possível.
***
Acordei com um barulho e tentei identificar sua origem sem sucesso. Pela iluminação proveniente das lajotas transparentes eu percebi que já tinha amanhecido a algum tempo.
Levantei-me com esforço. Eu tinha ganhado alguns quilos no cativeiro. Eu não sabia quanto, mas sabia que sim. Meus seios estavam muito grandes, se não fosse a sua flacidez diriam que eu havia feito um implante de silicone.
A cela é muito pequena. Eu sempre fui ativa e gostava de exercícios físicos, mas o pouco espaço tornava meus movimentos muito restritos.
A rotina é muito perturbadora. Nunca consegui arrancar uma palavra da mulher da comida. Ela aparece religiosamente duas vezes por dia trazendo sopas, verduras, legumes e as vezes alguma outra coisa. Mas nunca trouxe nenhum tipo de carne. Com tal dieta a minha experiência dizia que eu deveria estar emagrecendo e não engordando.
Já tentei xingar a mulher da comida, cuspir nela, jogar comida nela, mas nada pareceu perturbá-la. A única certeza é que ela limpou a parte externa da minha grade quando eu sujei, sempre com cautela e mantendo uma distância que eu não poderia agarrá-la.
A música irritante não para nunca, seja dia ou noite. Tenho a impressão que existem palavras sendo ditas na música.
Contei os nós nos fios de cabelo que junto desde o primeiro dia todas as vezes que acordo. Já estou no meu cárcere a dezessete dias. Eu preciso sair daqui ou vou acabar ficando louca. Eu preciso fugir de alguma forma.
***
Acordei com o brilho vindo das lajotas. Como todos os dias eu peguei o tufo de cabelos e fiz mais um nó. Tentei contar para verificar o número de dias, mas mais uma vez não consegui realizar a contagem.
Tenho dores de cabeça fortes e elas pioram quando fico tentando pensar ou me concentrar em algo. Acho que estou esquecendo palavras. Acho que estou ficando louca com o isolamento.
Eu tento realizar diariamente uma boa higiene pessoal. Meu aumento de peso causou muitas dobras de pele e já não consigo mais fechar a calça. No começo eu tinha receio e imaginava um grupo de homens assistindo eu tentando me limpar escondendo meu corpo, isso já não importa mais.
Minhas roupas ficaram muito sujas e da pia sai somente um filete ínfimo de água. Acabei abandonando o uso das calças que já não fechavam e tive que rasgar parte da minha blusa que não me entra mais. Meu sotien já não me serve mais também.
Percebi que aos poucos meus novos grandes peitos começaram a soltar líquido. No começo transparente e apenas um pouco esbranquiçado, com o tempo tornou-se mais consistente e forte. Experimentei o líquido branco apenas para confirmar que, apesar de nunca ter tido um filho, eu estava produzindo leite.
Escutar a agradável música me acalma, e prestando a atenção nela as vezes perco a noção da passagem do tempo. Não existem opções para me distrair. Acho que um dos poucos lazeres que executo é a masturbação e faço isso todos os dias.
A mulher da comida surge pelo corredor como a todos os dias. Eu queria poder gritar com ela e chutar aquela grade como antes, mas me sinto tão cansada. Eu me tornei muito preguiçosa. Eu preciso sair daquele lugar. Me faltam forças.
Olho para o alimento deixado. Eu estou com fome. Pego o prato de plástico e arrasto aquela estranha ração para a minha boca com desejo.
***
É difícil eu levantar da minha cama. O modelo anterior mais frágil foi substituído por uma cama um pouco mais larga e forte. Eu nem reparei no dia que isso aconteceu.
Eu me sinto gorda, feia e preguiçosa. Sempre estou pensando na minha próxima refeição que será deixada pela mulher da comida. Essa entra todos os dias em minha cela para limpar o meu corpo e cuidar de mim. Muito leite sai diariamente dos meus seios sujando a minha cama.
As vezes eu sinto falta de usar alguma roupa cobrindo o meu corpo, mas isso parece tão sem sentido algum.
Não consigo mais falar. As primeiras vezes que percebi a mulher da comida ao meu lado tentei conversar com ela, mesmo que as vezes me faltassem palavras, mas agora parece que falar é tão ruim e errado.
Ouço a mulher empurrando o carrinho. Fico ansiosa pela minha alimentação e minha boca saliva. Quero comer.
***
Uma mulher que eu não conheço me acorda. Ela é diferente da mulher da comida, está sorrindo e falando com uma voz agradável. Não consigo compreender suas palavras.
Eu quero continuar deitada, mas a nova mulher e a mulher da comida me ajudam a me arrastar para outra cama. Eu estou tão pesava.
Percebo que a nova cama é móvel e que estão me conduzindo para um outro lugar. Eu esperava que fosse um lugar com mais comida e uma cama maior.
Logo elas me ajudaram novamente e fui acomodada numa plataforma diferente de uma cama. Eu estava de frente numa espécie de cavalete com orifícios para os meus grandes seios e apoio para a minha cabeça. Fiquei confortável.
Já era um esforço eu me mover, mas senti meus braços, pernas e a cintura serem presos e acomodados.
Algo foi encaixado aos meus peitos e sinto que eles estão sendo sugados por algo. A sensação é muito boa e reconfortante. Sinto a minha vagina molhada.
Uma máscara é fixada em meu rosto e algo ajeitado em minha boca fazendo-a permanecer aberta. Eu não entendo a função de tal coisa, até que sinto com prazer a chegada de um pouco de água e de ração. Fico contente que isso poderá facilitar a minha alimentação.
Algo é colocado vagarosamente dentro da minha vagina. Uma espécie de tubo não muito grande. Pouco depois o sinto vibrar e me causar bastante prazer. Não resisto por muito tempo, meu corpo inteiro treme antes de eu ter um orgasmo.
Naquele lugar o tempo deixou de existir. Sou alimentada, tenho meus peitos sugados e minha vagina estimulada para sentir orgasmos. A nova mulher e a mulher da comida foram muito boas para mim. O que mais posso desejar que não tivesse?
Continua...
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