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Bom divertimento!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Criação de Animais - Parte 12 - Decisão - Final

Aprendi a rotina e o comportamento de ser uma cadela. Tudo parecia ser muito simples e tolo. Truques como sentar, rolar, buscar e entregar uma bola de borracha são terrivelmente chatos para alguém com o meu conhecimento.

Algumas vezes eu converso com a treinadora. Ela não tem conhecimento ou interesse sobre coisas que não sejam ligadas as suas funções diárias e repele qualquer contato de natureza sexual.

Até aquele momento eu não tive contato com nenhum outro humano. Queria ver novamente Madame Raison e se possível sentir de novo o sabor de sua xoxota, mas não ousei pedir por isso.

A treinadora colocou uma coleira e uma guia presa ao meu pescoço. Isso se tornou comum em meu treinamento, mas seguimos por um caminho diferente para dentro de um prédio.

Andamos por corredores e várias portas fechadas até que entramos em uma sala. A guia foi retirada, mas continuei com a coleira em meu pescoço. A treinadora passou e fechou a porta, deixando-me preocupada por um momento, até que ouvi a conhecida voz:

--- Pode se sentar, se desejar.

Olhei a minha volta com atenção. Eu estava em uma sala luxuosa com estantes de livros, um bar repleto de bebidas entre outros móveis e decorações. A pessoa atrás de uma grande mesa e apenas parcialmente no meu campo de visão é Madame Raison.

Eu não sabia exatamente como me comportar. A ideia de me levantar para sentar sobre uma poltrona não me agradou. Engatinhei para próxima da mesa para ver melhor a minha senhora. Aproximei-me em fiquei em silêncio. Ela falou:

--- Sua adaptação terminou. Você chegou ao ponto possível no seu estado atual. Sua mãe virá buscá-la e você poderá reassumir sua vida como antes. Pegue e ligue para ela:

A mulher estendeu a mão com o celular que eu tinha. Alguns adesivos mostraram que era realmente o meu celular.

Olhei o protetor de minha mão. Eu não conseguiria apertar os botões com meus dedos retidos, mas isso não me pareceu um problema. O pensamento de usar o celular me causou intensa repulsa e aversão. A mulher pareceu adivinhar meu pensamento e continuou:

--- Posso tirar as suas luvas para você digitar melhor o número de sua mãe. Se preferir pode usar o meu computador e enviar um e-mail.

Ela apontou para o computador em sua mesa. A possibilidade de ter que usá-lo me provocou náuseas. Com esforço falei:

--- Você esperava isso?

Ela pareceu adivinhar meus pensamentos e respondeu com calma:

--- Não exatamente. Não existe previsibilidade num caso único como o seu, mas sabia que seria uma possibilidade. Você está entre dois mundos e não consegue se encaixar em nenhum deles.

Eu sabia da precisão e da realidade de suas palavras. Eu não conseguiria retornar para o universo tecnológico em que vivia, mas também não vejo possibilidade de viver como uma cadela.

Uma lágrima de tristeza escorreu pelo meu rosto. Senti-me muito sozinha e sem um lugar no mundo ou alguém que realmente entendesse o que estou sentindo. Confusa perguntei:

--- Você pode reverter a minha condição de cadela e me fazer voltar a ser o que era antes?

--- Não. Já tentamos drogas de reativação de memórias e mudanças em condicionamentos, mas nada funcionou muito bem. No seu caso você tem suas memórias. Posso tentar mudar o seu condicionamento para um outro tipo de escravo, mas não condicioná-la a voltar a ser um humano. Mesmo assim não recomendo, já passamos muito do limite de segurança para fazê-la uma cadela, é imprevisível o que ocorrerá para torná-la outro tipo de escravo.

Mesmo temendo a resposta perguntei:

--- Então qual é a solução para o meu caso?

Ela suspirou e respondeu:

--- Eu vejo duas possibilidades e a decisão final é sua. Você poderá viver como está hoje. Talvez, com o tempo, recupere parte do prazer que tem em trabalhar em suas máquinas. Sua mãe sabe que você não é uma cadela normal e já autorizou e apoiará a sua escolha nesse sentido.

A ideia não me agradou minimamente. Talvez, com esforço, eu conseguisse mexer em um celular ou um computador como antes, mas não acho que terei prazer ou satisfação com isso. Eu não tinha grandes outros interesses antes para recuperar ou tentar agora.

--- E qual é a outra escolha?

Com um novo suspiro ela prosseguiu:

--- Retornar ao tratamento. Sem resistência você poderá se tornar uma cadela como qualquer outra. Não terá lembranças ou memória de sua vida atual ou passada, será como os cães que conheceu. Felizes em seu mundo simples. Voltará para o seu lar como uma escrava cadela, a primeira desse tipo de sua mãe. Você pode pensar alguns dias antes de decidir.

A possibilidade de retornar para o desinteressante treinamento me desmotivou de imediato. Eu já não posso mais aguentar essa vida na minha situação atual. Num impulso perguntei:

--- Quanto tempo em minha cela para me transformar completamente em uma cadela?

--- Vou ter que usar um nível alto e perigoso como nos seus últimos dias para ter efeito. Sem a sua resistência serão cinco ou seis dias. Mas na metade disso você já não lembrará muitas coisas. Só tem que manter a sua mente o mais calma e livre de pensamentos que for possível.

Tentei imaginas outras possibilidades. Talvez ela estivesse mentindo e esse fosse o plano real. Eu sentia a sinceridade da mulher e não pude pensar em outras opções. A minha vida como Amanda havia terminado. Poderia insistir numa existência infeliz, mas não senti desejo por isso. Com voz fraca e triste falei a minha decisão:

--- Eu voltarei para o condicionamento e não vou mais opor resistência. Essa é a minha escolha.

Madame Raison pareceu feliz e aliviada. Eu devo ter sido um problema imenso para ela, mas isso não importa mais.

A porta abriu e a treinadora voltou com a minha guia. Madame Raison passou algumas instruções para ela e logo estávamos novamente no corredor.

Logo eu estava novamente fechada em minha cela. Rapidamente percebi a chata música de fundo e me acomodei para relaxar sobre a minha cama.

Espero que esse martírio termine em breve. Não vejo a hora de deixar a minha vida mais simples e quem sabe mais feliz. Quero ser uma completa cadela!

Fim…

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