Eu estava comendo pizza quando Elisa chegou. A duas semanas atrás eu esperava ser presa e vítima de experiências terríveis, mas acabei por ganhar uma nova amiga. Alguém que eu ainda tentava explicar e administrar o ciúme provocado em Kelly.
Elisa brincou com pouco com Mestre Amy e correu para a mesa roubar um pouco de refrigerante e um pedaço de pizza. Quem a tinha conhecido como uma investigadora jamais poderia a imaginar como uma pessoa descontraída e divertida. Após perguntar como eu estava e morder alguns pedaços perguntou:
--- Já teve sucesso na busca?
Elisa queria conhecer mais. Na realidade e para a minha mais completa surpresa ela almejava ser como eu, mesmo com as minhas muitas explicações das limitações e imposições do meu modo de vida. Não escondi nada sobre o vínculo para ela, esperando a sua desistência.
--- Não, como te disse, é complicado. Não sei quando acontecerá? Fiz algumas ligações para conhecidas buscando algum Mestre em reprodução, mas não encontrei.
Mesmo confiando em Elisa tomei algumas precauções nos contatos, usando um número de telefone celular novo e anônimo em cada ligação e sempre estando em um bairro diferente. Seria improvável que ela pudesse estar me rastreando. Mestre Amy não percebia nenhum sentido de traição nela, mas sua leitura é limitada em alguém sem vínculo.
--- Que pena.
--- Como te expliquei, não sei quando e se Mestre Amy terá um novo filhote. A sua resposta sobre isso é confusa, não acho que ela sabe uma resposta concreta ou que eu possa entender. Você sofrerá alguma influência leve me visitando, mas é realmente leve. Um novo mestre pode surgir amanhã ou apenas em dez anos, não sei.
Elisa terminou seu pedaço de pizza e seguiu para brincar com Amy. Ela já não se importava mais com a minha nudez e fiz questão dela assistir a amamentação de Amy. Com isso eu esperava afastá-la de suas ilusões, mas ao presenciar meus orgasmos, ficou ainda mais interessada.
Não sei por quanto tempo conseguirei sustentar o meu relacionamento com Kelly e a convivência com Elisa.
***
Já tinham se passado três meses e um pouco do inicio de minha amizade e convivência com Elisa. Ela conseguiu emprego no hospital da cidade e frequentava bastante a minha casa. Embora nunca tivemos nada mais que uma amizade meu relacionamento com Kelly acabou ruindo. Minhas explicações sobre a amizade com Elisa nunca foram suficientes ou puderam ser claramente explicadas.
Eu estava sozinha em casa quando meu celular de contatos com outras servas chamou. Isso aconteceu poucas vezes e fiquei apreensiva e atendi com cuidado, já imaginando se atenderia o meu primeiro pedido de ajuda urgente. A voz calma do outro lado disse:
--- Estou falando com Laura Amy?
A pessoa do outro lado era uma serva. Usou o meu nome seguido do nome do Mestre, uma saudação costumeira num contato telefônico, mas não reconheci a sua voz. Respondi contendo o entusiasmo:
--- Sim, falo com quem?
--- Eu sou Paula Gor. Nós não nos conhecemos ainda, mas quem me passou seu contato foi Suzana Duque. Ela me disse que você busca um casal em reprodução, estou correta?
A informação me deixou curiosa. Eu não tinha Paula nas informações de Roberta, mas isso não era nenhum empecilho para estabelecer um novo contato. Respondi:
--- Sim. Eu tenho alguém que quer um filhote.
Ela demorou alguns segundos para responder. A minha afirmação não era algo rotineiro, embora estivesse aberta a interpretações. No geral uma nova serva é capturada e obrigada. Ela falou:
--- Muito bem, vou enviar uma mensagem com os dados de onde nos encontraremos. Venha com essa pessoa e Mestre Amy que seguiremos para outro local. O nascimento está para acontecer nos próximos dias.
A mensagem chegou em poucos minutos. O encontro seria no dia seguinte. Eu precisava fazer as malas e rumar de volta a capital. Precisava avisar Elisa e ligar para meu trabalho. Eu não sabia ainda por quanto tempo iria me ausentar.
***
Elisa estava bastante eufórica no carro, mesmo com as minhas tentativas de acalmá-la. Muitas coisas ainda podiam acontecer antes do vínculo formado.
Chegamos ao local combinado dentro do parque, um pequeno café. Não tinha como eu não ter alguns receios com a situação que oferecia certo risco, mas Mestre Amy apoiava a investida para o nascimento de um novo mestre. Amy seguia mais atrás no colo de Elisa e eu segui um pouco em frente com os olhos buscando quem poderia ser Paula.
Uma mulher sentada em uma mesa do café fez um gesto discreto em direção a Elisa e de Mestre Amy chamando-as e eu sabia que se tratava de Paula. Suas roupas fora de moda e seu cabelo mal cuidado me causaram repulsa. O seu olhar inexpressivo e sem vida indicava se tratar de uma serva.
Juntamos-nos a Paula que observava atentamente Mestre Amy e só após alguns segundos que pareceu lembrar que nós existíamos. Olhou para Elisa e falou:
--- Laura, suponho?
Discordando eu falei:
--- Não, eu sou Laura, essa é minha amiga Elisa.
Eu quase consegui perceber um sorriso naquele olhar ausente. Ela devia estar ansiosa para arrumar uma serva para o filhote que nasceria. Com firmeza ela falou:
--- Muito bem. Eu entrarei em contato posteriormente, Suzana disse que você pode prover a nova serva com um capital inicial para ela recomeçar a sua vida.
Paula levantou-se e aguardou. Elisa me olhou de forma confusa e eu levei um momento para entender que ela queria ir embora com Elisa e estava me dispensando. Eu sabia as dificuldades que minha amiga enfrentaria e não queria deixá-la. Sendo também firme falei:
--- Acho que não fui muito clara, eu vou junto com vocês.
Foi aparente a expressão de confusão em Paula. Provavelmente eu não devia estar tendo uma atitude comum em uma serva. Eu aprendi a ser diferente graças a Roberta. Ela demorou um pouco e depois falou:
--- Não existe utilidade na sua presença. Elisa deve me acompanhar e você deverá retornar para a sua existência.
--- Vou ser ainda mais clara. Você quer Elisa e ela só irá com você em minha companhia. Você me entendeu?
A serva pareceu ainda mais confusa com a minha declaração, mas respondeu:
--- Vamos para o estacionamento então. Vocês poderão me seguir. Temos uma viagem de duas horas pela frente.
A minha passagem pela capital durou pouco. Novamente estávamos rumando para o interior, eu não sabia a cidade ainda.
Continua…
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