Eu não queria tirar essas férias. Estou desempregado a alguns meses e batalhando por uma nova oportunidade, mas minha esposa fez questão de adquirir o pacote de um cruzeiro de duas semanas em uma empresa a qual nunca ouvi falar.
Minha esposa é proprietária de uma rede de lojas de cosméticos e como tal temos uma situação financeira bastante tranquila e estável. No começo do meu desemprego tentei ajudá-la na administração, mas rapidamente Claire me mandou ficar em nossa casa, alegando que eu mais atrapalhava do que ajudava nas operações das lojas. Sou profissional de publicidade e realmente nada entendo dos processos e burocracias da alta administração.
O navio o qual embarcamos é muito menor do que os transatlânticos onde geralmente são feitos esse tipo de cruzeiro, mas logo no embarque pude enxergar a grande piscina e algumas outras opções de lazer. Comentando com a minha esposa sobre o diminuto tamanho da embarcação ela me explicou que aquele é um cruzeiro mais requintado e com uma seleção mais rigorosa dos passageiros.
Percebi que poucas pessoas estavam embarcando, diferente das multidões de um cruzeiro comum. A minha esposa deve ter gastado uma fortuna com as passagens.
Um funcionário do navio nos acompanhou para nossos camarotes. Achei-o um pouco estranho, diferente do pessoal comunicativo envolvido com o turismo, ele se mostrou calado, de fala pausada e bastante inexpressivo.
Uma vez sozinhos na suíte e o navio pronto para sair, decidi investir em carícias em minha esposa para começarmos a minha estadia com sexo, antes de realizar um passeio para conhecer mais a embarcação. Ocorreu que Claire me repudiou, trocou de roupa e disse que seguiria para o spa. Falou para eu ir passear sozinho. A recusa me chateou um pouco, mas nós teríamos vários dias para o sexo e outras distrações. Também mudei de roupa para fazer o que ela pediu.
Deixei o quarto e olhando em um mapa localizei e segui para o bar e salão de jogos. Cheguei por lá com facilidade. O lugar, como o navio, não é grande. Além de um barman apenas dois passageiros jogavam bilhar. Já é final de tarde, então pedi um whisk e me aproximando dos dois rapazes. Puxando assunto falei:
--- Fico para uma próxima partida, se vocês não se importarem.
O barman se mostrou calado e estranho como o rapaz que nos levou ao dormitório. Ironicamente imaginei que deviam ser parentes. O homem mais próximo, aparentando poucos anos mais do que eu, falou de forma simpática:
--- Seja bem-vindo. Eu sou Aurélio e meu novo amigo é Paulo. Começamos a partida não faz vinte minutos. Minha esposa me mandou passear e me distrair com algo. A esposa de Paulo também. Elas não perderam tempo para ir ao salão de beleza.
Sendo amistoso falei:
--- Então somos três. A minha esposa fugiu para o spa. Melhor para nós com as esposas ficando ainda mais bonitas.
Todos rimos e começamos uma longa conversa amigável regada a bebidas e conversas pejorativas sobre garotas e seus dotes físicos.
Já eram pouco mais de dez horas da noite e decidimos encerrar a jogatina. Voltei ao dormitório imaginando jantar com a esposa e terminar a bela noite com uma atividade prazerosa. Claire já estava na suíte e assim que a beijei disse:
--- Parece que gastou o seu tempo enchendo a cara com whisk. Eu já jantei com algumas amigas que conheci no spa, mas fique a vontade para pedir algo ou seguir para o restaurante. Eu estou com sono.
Meus argumentos e reclamações para sairmos num passeio romântico foram em vão. Não teve como tirar Claire do quarto. Irritado segui sozinho para o restaurante. Até ficou parecendo que a minha esposa está fugindo do sexo.
***
Logo cedo tomamos café da manhã juntos no restaurante. A minha esposa estava muito bem humorada e disposta.
A vista para fora do barco no restaurante é magnífica. Já estamos muito longe da costa para enxergar a terra firme. O ar também está muito puro estando distante das grandes cidades onde vivemos.
Encontrei Aurélio e descobrimos que nossas esposas também já se conheciam. Na realidade Claire cumprimentou muitas mulheres. A minha impressão que todos a bordo eram casais se tornou ainda mais forte. Não pareciam existir solteiros a bordo, excetuando talvez a tripulação.
Outra impressão que se confirmou é que todos da tripulação pareciam reservados e calados demais. Eram atenciosos e educados para responder alguma dúvida ou atender um pedido, mas são muito diferentes de funcionários em outras viagens que já fizemos. Deve ser alguma política ou regra exótica da companhia do navio.
No restante do dia fizemos várias atividades juntos e separados. Na embarcação havia uma piscina com sauna, um cassino, um restaurante, um bar com salão de jogos, uma academia, um cinema, um jardim, entre outras opções de diversão. Mas, devido às proporções do lugar, não deviam ter mais de cinquenta ou sessenta casais a bordo.
Convivendo mais com Aurélio descobri que ele herdou uma pequena fortuna de seus avós e que vive com a esposa apenas dos rendimentos de aplicações em férias eternas. Já Paulo e a esposa são sócios em uma empresa de promoção de eventos. Quem sabe eu possa fazer contatos profissionais interessantes nesse lugar e até conseguir um novo emprego.
Apenas a noite Claire cedeu a minha investida na direção de aceitar a minha investida sexual. Beijamos-nos muito e arranquei com desejo as roupas da minha companheira.
Toquei seus seios e sua vagina, explorei seu corpo o quando pude com as mãos e a língua, mas nada do meu pênis levantar. Eu estou excitando e com desejo, mas meu pinto parece se recusar a reconhecer isso. Não posso dizer que nunca falhei na vida, mas sou bastante saudável e isso é uma situação rara. Percebendo a minha chateação Claire disse:
--- Parece que você não está assim tão a fim de transar. Isso acontece.
Pude perceber o tom de ironia de sua voz. Outras ironias disfarçadas prosseguiram e acabei indo dormir triste e humilhado.
***
Acordei e me encontrei sozinho na cama. Verifiquei a hora no celular e percebi que já tinham passado um pouco das dez horas.
Tomei um banho rápido ainda pensando no acontecimento do dia anterior e onde Claire poderia estar.
Logo eu estava caminhando em direção ao café da manhã, na esperança de encontrar minha esposa e desfrutar de sua companhia.
No restaurante bebi apenas uma xícara de café. Não consegui enxergá-la na piscina e perguntei a um funcionário onde se localizava o spa.
Segui para o local desejado, de acordo com a informação nas partes mais baixas do navio. Chegando a entrada do local havia dois funcionários nos lados de uma porta dupla. Ambos estavam trajando ternos sociais e um rosto de poucos amigos. Uma placa apresentava à indicação de proibida a entrada de homens. Com educação perguntei:
--- Por favor, estou procurando a minha esposa Claire. Poderiam verificar se ela se encontra no spa e avisar que estou a procura dela. Meu nome é Ronaldo.
Com má vontade e sem dizer uma palavra o homem desapareceu pela porta. Retornou pouco depois e disse com uma voz bastante firme e grossa:
--- Sra. Claire informou que poderá encontrá-lo no restaurante as catorze horas.
Ele continuou sério e em silêncio. Ainda era meio-dia. Pensei em insistir para vê-la, mas temo que ela fique chateada por eu criar um caso na porta. Sem ver outra opção melhor decidi seguir para a piscina e tomar algo gelado.
***
Após uma noite de frustração acordei cedo e verifiquei que Claire ainda se encontrava num sono pesado.
Na noite anterior, antes de incentivar uma relação sexual, tentei estimular o meu pinto no banheiro e longe da visão de Claire, mas não houve como o fazer ficar ereto. Preocupado decidi procurar um urologista assim que retornássemos para terra firme.
Segui em silêncio para o banheiro. A minha barba rala estava coçando um pouco. No espelho verifiquei que ela estava aparentemente normal. Já faz mais de um ano que a mantenho no mesmo comprimento e volume e não havia sinais de qualquer irritação.
Senti-me incomodado com os pelos do meu peito e na mesma hora eles começaram a coçar também. Será que estou vítima de alguma doença de pele. Se as coisas piorarem posso procurar o médico de bordo.
Voltei para a cama decidindo esperar minha esposa acordar para juntos seguirmos para o café. Tentei mexer no celular um pouco, mas não consegui sinal de Internet. Não consegui localizar um sinal wireless no navio.
Claire ainda levou uma hora para despertar. Levantou calmamente e já no banheiro falou:
--- Marquei de tomar o café da manhã com Laura, a esposa do Aurélio e depois faremos academia juntas. Ela se interessou em investir em minhas lojas, quem sabe abrir uma loja só para ela. Essa viagem renderá bons frutos.
A informação me deixou um pouco irritado, mas preferi não contrariá-la. Deixei ela se trocar e sair e depois me vesti.
Passei pelo restaurante rapidamente para ver algumas mesas de mulheres em conversas animadas e apenas algumas mesas ocupadas por homens solitários. Sem vontade de um café da manhã de verdade segui para o bar beber algo e comer apenas um petisco apenas.
O lugar estava vazio àquela hora. O barman que parecia mais um morto-vivo estava estático atrás do balcão. Irritado com as frustrações acumuladas falei:
--- Me veja apenas uma cerveja bastante gelada e uma porção de amendoins.
Em silêncio o homem atendeu o meu pedido de forma sistemática. Ele acabou de servir o meu pedido e voltou a ficar imóvel. Para passar o tempo perguntei:
--- Qual é o nome do amigo?
O homem ficou sem reação por um momento e depois disse:
--- Em que posso ajudá-lo?
--- Nada por enquanto. Mas qual é o seu nome?
Novamente uma pausa breve foi nítida, como se ele não soubesse a resposta. Repetiu a pergunta da mesma forma que antes:
--- Em que posso ajudá-lo?
Afastei-me para a mesa de bilhar carregando a minha cerveja e os petiscos. Algo está muito esquisito com o homem. Pareceu que eu estava lidando com alguém com algum grau de deficiência mental.
Continua…
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