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Bom divertimento!

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Mestre do Lar - Parte 17

A minha nova vida já fazia aniversário de seis meses. Laura me conseguiu uma casa, um carro e uma renda que me possibilitava viver sem trabalhar. Morávamos na mesma cidade numa distância que nos permitia independência e nos encontrávamos raramente. Laura queria que eu criasse a minha própria independência.

No começo Mestre Vedita era muito carinhosa comigo, mas a medida que nossa ligação se tornou mais forte, a minha condição de serva se tornou mais aparente. Não consigo deixar de atender qualquer necessidade de minha dona e cada vez mais tenho dificuldade de pensamentos independentes.

No começo entrar em inatividade era uma opção, mas com o tempo não consegui mais evitar.Também no inicio conseguia, conforme recomendação de Laura, ficar alguns períodos fora de casa, mas atualmente consigo ficar pouco tempo antes de sentir um desejo irresistível de estar próxima de minha Mestre.

Preocupada liguei para Laura e marquei um encontro num café próximo de minha residência. Eu estava preocupada e sabia que a minha vida tinha caminhado para uma situação com a de Flora ou Paula.

Fiquei muito feliz quando reparei em Laura entrando e sentando na mesa. Com um sorriso um pouco forçado ela perguntou:

--- Oi minha amiga, como você está?

Também tentei forçar um sorriso, mas não devo ter conseguido. Eu só conseguia pensar em Mestre Vedita sozinha e podendo precisar de mim. Juntando forças respondi:

--- Não muito bem. Acho que tudo o que você me avisou para lutar e para evitar foi como o que aconteceu. Já não consigo evitar inatividade e é muito difícil qualquer pensamento não ligado a minha Mestre. O que eu me tornei?

Um pouco triste e em voz baixa Laura respondeu:

--- Uma serva. Eu já estive em sua posição e todas que eu conheço estão mais ou menos como você. Eu lhe avisei as dificuldades. Tive que lutar para conseguir um destino diferente, como Roberta antes de mim, mas é complicado. Você precisa mostrar para Mestre Vedita que é mais interessante tê-la lúcida.

Uma lágrima escorreu pelo meu olho. Eu afirmei com tristeza:

--- Eu mal consigo ficar aqui, preciso saber se Mestre Vedita está bem ou precisando de algo. Já não consigo raciocinar direito. O que eu faço?

Ela pensou um pouco e depois disse:

--- Eu deixei com você um pacote de sedativos. Pode sedar a sua Mestre, isso renovará a sua mente, uma vez a cada uma ou duas semanas, mas não sei por quanto tempo você conseguirá fazer isso a revelia dela. Mestre Amy sabe que isso é necessário para a minha lucidez e faz isso de forma voluntária, atualmente a cada duas semanas.

Eu já sentia que não conseguiria mais ficar e nervosa me levantei e falei:

--- Preciso voltar, não consigo mais. Pode pagar a conta por mim.

Com tristeza e angústia iniciei o caminho de retorno ao meu lar, mal me despedindo de minha amiga.

***

Após o adormecimento forçado de Mestre Vedita eu mal podia acreditar na mudança. Meus pensamentos rapidamente se tornaram livres como a muito tempo não estavam.

Após algumas horas Mestre Vedita despertou e não senti nenhuma desconfiança ou agressão que indicasse que ela tinha conhecimento do que aconteceu. Por vários dias não entrei mais em inatividade e consegui realizar várias coisas que considerava perdidas. Laura me deu a salvação. O meu estoque do medicamento duraria meses e eu poderia conseguir mais depois.

Mestre Vedita não deu qualquer indicação que percebeu as mudanças e eu continuei a satisfazer as suas necessidades como antes, embora conseguisse ficar por mais tempo fora de casa.

***

Essa é a quarta semana que preparo o peixe preferido de Mestre Vedita com o seu sedativo semanal. Com isso quase sempre consigo evitar de entrar em inatividade.

Ela cheira o seu peixe e me olha desconfiada. Posso sentir seu desconforto e penso o que pode estar errado. Não demora para eu sentir uma dor profunda, como nunca senti antes.

A dor intensa me derruba ao chão. Pensamentos complexos demais para eu entender estão populando em Mestre Vedita. Percebo que ela desconfia ou sabe o que andei fazendo.

Meu corpo não quer me obedecer. Arrasto-me no chão até o pote de comida da Mestre e sem conseguir resistir coloco o peixe em minha boca e o engulo praticamente sem mastigar.

Eu não sabia se a dose de sedativo para o peso de um felino me faria mal, mas bastou alguns minutos e me senti sonolenta e cansada. Os efeitos estavam aparecendo.

Mestre Vedita me circulou algumas vezes antes de eu apagar por completo. Se ela antes apenas desconfiava, teve a sua comprovação. Laura havia me avisado que essa solução poderia não funcionar muitas vezes, ela estava certa.

***

Acordei com dor de cabeça e estômago embrulhado. Eu não precisava nem olhar para Vedita para saber que ele sentia uma decepção imensa comigo.

Andei pela casa até encontrá-la e falei:

--- Você precisa entender que eu quero meus pensamentos em ordem. Eu preciso sedá-la para isso acontecer.

Ela apenas caminhou para outro cômodo não demonstrando compreender as minhas palavras. Laura já me avisou que eles entendem mais sentimentos que palavras, de alguma forma eu preciso fazê-la sentir que o melhor é me manter lúcida.

***

Sem a tomada do sedativo para “desligar” Mestre Vedita semanalmente eu comecei a retroceder. Tentei o quanto pude não entrar em inatividade, mas a minha mente queria parar sempre que a minha presença não fosse necessária e ficar fora de casa, mesmo que por períodos curtos, é um martírio. Praticamente só saio comprar alimentos e outras necessidades.

Argumentar para a minha Mestre se mostrou ineficaz. Ela aparentemente não compreendia ou não aceitava as minhas argumentações.

Preciso da ajuda de Laura. Ela deve ter outras ideias ou alguma solução para o problema. Logo eu posso não conseguir mais buscar algum socorro. Vou telefonar para ela e marcar um novo encontro.

***

Fiquei muito feliz ao ver Laura, elegante e bonita como sempre, sentando junto de mim na mesa. Minhas mãos tremiam e eu queria voltar logo para casa, mas precisava aguentar mais um pouco.
Comecei a passar um pouco mal e Laura disse:

--- Vou te levar para a sua casa. você não está em condições de conversar.

Nós estávamos próximas de minha casa e Laura me levou em seu carro.

A minha amiga me ajudou a entrar em casa e me acomodou no sofá. A minha extrema sensação de retornar ao meu lar passou e a presença de Laura impediu a minha entrada em inatividade.

Mestre Vedita ficou curiosa quando chegamos, mas rapidamente perdeu interesse na chegada de outra serva. Laura perguntou:

--- A situação piorou?

Juntando forças expliquei a sedação semanal de minha Mestre e sua posterior descoberta e rejeição ao procedimento. Laura ouviu atentamente e depois comentou:

--- Eu te avisei sobre a possibilidade de não eficácia desse processo a longo prazo. Os mestres tem um raciocínio diferente do nosso, mas não são tolos. Também, no geral, é de pouco resultado argumentar falando com eles.

Me sentindo muito derrotada e triste falei:

--- Mas o que posso fazer? Não sei mais o que tentar. Por quanto tempo eu ainda vou me preocupar com isso, antes de meus pensamentos estarem ainda mais limitados.

Ela pensou um pouco e depois respondeu:

--- Não sei ao certo, talvez uma ou duas semanas, talvez um mês, não acho que passe muito disso.
Laura um dia me contou que tentou morrer para se livrar dos mestres e acho que estou desejando o mesmo. Chorando implorei:

--- Me ajude de alguma forma, ou me mate, mas faça esse sofrimento parar.

Ela ficou bastante séria por um momento e depois disse:

--- Talvez tenha algo para tentar, não tenho ideia se dará certo, mas compensa o risco. Tome isso, não posso ajudá-la com você consciente. Bons sonhos.

Tomei o que ela me ofereceu e não demorou para a familiar sonolência chegar, dessa vez mais forte. Laura estava me sedando com uma dose humana.

Continua…

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