O alto brilho ofuscou a minha visão e levei algum tempo para realmente conseguir abrir os olhos.
Minha cabeça estava com uma leve dor presente e eu sentia meu corpo fraco, mesmo os mais leves movimentos exigiam muita força.
Minhas lembranças retornaram aos poucos. Eu me lembrava de já ter tentando abrir os olhos por duas ou três vezes e ter sentido extrema fraqueza.
Eu estava com os amigos naquela festa com muitas garotas de beleza estonteante. Depois me lembrei daquela loira que no mundo real jamais teria mostrado interesse pela minha franzina aparência. Tomamos alguns drinks juntos e nada me lembro de depois disso.
Consegui sentar com esforço. Eu estava vestindo uma roupa única de tecido branco fino e sobre uma superfície retangular, uma espécie de colchonete fino no meio uma sala quadrada inteiramente branca. Ela deveria ter algo entre três metros por três metros e nenhuma porta ou janela podia ser percebida. A luz parecia vir de todas as direções, não havia uma fonte de luz visível em nenhum lugar. O chão era formado por grandes placas de uma cerâmica sem nenhum rejunte.
Arrastei-me com certo grau de esforço para uma das extremidades da sala. Minhas forças retornavam aos poucos e meus olhos já estavam mais acostumados a irritante luz presente. O esforço me fez perceber que eu sentia sede.
A parede aparentava ser do mesmo material do piso. Eu não podia arranha-la e uma tentativa de uma pancada apenas me causou dor na mão.
Tentei falar, mas o som produzido foi rouco, apenas na terceira tentativa foi que pude reconhecer minha própria voz.
Não existia como eu saber a quanto tempo encontrava-me naquele local ou mesmo onde ficava o local. Eu estava sem meu relógio, meu celular ou qualquer outro objeto.
Tomei um susto muito grande quando todo o ambiente mudou de cor. As paredes, o piso e o teto tornaram-se cinza escuras e letras brancas foram escritas ao mesmo que uma voz feminina impessoal disse:
--- Seja bem vindo. Você foi selecionado e tornou-se parte do programa. Sua vida anterior não existe mais. Você está aqui para obedecer e aprender, qualquer outro desejo ou manifestação é irrelevante.
A cerâmica que eu acreditava formar os limites da sala era na verdade gigantescas telas, muito maiores que a maior televisão que eu já havia visto.
A frase foi falada apenas uma vez, mas as telas permaneceram com o texto por alguns minutos. Olhei com curiosidade para o colchonete onde eu acordei, formado de um material bastante transparente, que antes acreditei ser branco, mas que apenas refletiu a cor do piso.
As telas mudaram para bonitos cenários de espaços abertas naturais, repletos de animais e plantas. Os cenários duravam as vezes alguns segundos e outras vezes minutos e apresentavam movimentos nos animais e nas plantas. O áudio do local apresentou uma música clássica suave e intermitente, num volume médio, mas que depois de algum tempo passou a incomodar.
As horas se passaram, mas logo perdi qualquer noção de tempo sem que houvesse qualquer alteração ocorresse. Eu apenas observei as telas, tentando tirar alguma lógica ou perceber algo novo sobre a situação.
Minha garganta aos poucos passou a queimar de sede e uma fome apareceu, mas permaneci acordado e alerta por todo o tempo que pude, que deve ter representado muitas horas, mas o sono venceu, não tem como ser diferente.
Continua...
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