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Bom divertimento!

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Nova Sociedade - Parte 1

O pesquisador chegou a sua casa ansioso para verificar os últimos resultados da sua pesquisa. Ele é um jovem bioquímico, entrou cedo na universidade, trabalha para uma grande indústria do ramo farmacêutico e está realizando o seu doutorado. Para o seu doutorado ele tem realizando pesquisas em feromônios e outras substâncias de insetos que vivem em sociedades complexas como abelhas, formigas e cupins. Já em meu trabalho formal ele realiza pesquisas com remédios para a depressão e ansiedade.

O jovem adulto gosta de sua vida solitária, é o que as pessoas chamam de um nerd. Ele mesmo se classifica como alguém que prefere gastar o tempo com coisas mais úteis que garotas desinteressantes ou bebidas alcoólicas, como a maioria dos rapazes da sua idade.

Ele vive sozinho numa casa grande e antiga num bairro mais afastado, próximo de seu trabalho e do local de estudo. Ele foi criado nessa grande casa pelos seus avós paternos que construíram o local a mais de cinquenta anos. Por infelicidade do destino eles faleceram em um acidente de avião a cerca de dois anos atrás.

O cientista transformou o sótão da casa num grande laboratório, onde realiza suas pesquisas paralelas mesclando experiências da empresa e da universidade. Para olhos externos o seu sótão parece com um laboratório de um cientista louco, com aparelhos estranhos e cobaias em gaiolas. Mas ele é bastante discreto sobre sua existência e raramente recebe visitas. Eu o construí com aparelhos usados comprados em lojas e na internet, sucata da universidade e outras fontes que pode obter.

Ele subiu para o sótão e verificou que Fred e Tom, os seus novos ratos operárias ainda estavam vivos, após quase dezenove horas da aplicação do novo teste. Um deles já estava pronto para ingressar na colônia. Pegando o seu gravador digital o cientista falou:

--- Produto número 47 não provocou a morte de Fred e Tom após dezenove horas, Fred já está pronto para ingressar na colônia.

Ratos não vivem em colônias complexas, são criaturas bastante individualistas, mas o produto estava mudando características nos roedores que se reorganizaram numa espécie de colônia com uma rainha, com hierarquias e responsabilidades em seus membros. A colônia se encontra com quarenta e dois servos e uma rainha, todos ratos fêmeas. A rainha é um rato natural, sem alterações, os outros são como abelhas ou formigas operárias, estéreis e servis a rainha, receberam diferentes doses e versões do produto.

Fred entrou em contato com as outras operárias e apresentou comportamento esperado, sendo a principio aceito pela colônia. O bioquímico manteve Tom em separado. Precisava verificar por quanto tempo ele ainda poderia ter uma vida independente de uma colônia após a administração do produto. Formigas ou abelhas longe de uma rainha e de uma colônia tem uma vida curta.

O cientista fez mais algumas observações importantes no gravador e preparou-se para seu novo teste. Ele olhou para Homer com um pouco de pena. Ele era uma rata livre, sem tratamento algum. Abelhas rainhas numa mesma colmeia lutam até a morte e são únicas. Já formigas rainha, dependendo de fatores e espécies, podem coexistir mais de uma num mesmo formigueiro. Como seria na colônia a entrada de um rato livre candidato a rainha.

Ele libertou Homer para dentro da colônia. Ele é uma rata jovem, tem mais chances numa luta direta contra a rainha. Difícil dizer como ele seria interpretado pela colônia, talvez como um candidato a rainha, um invasor de outra colônia, ou quem sabe outra coisa.

Após algum tempo ficou claro que a colônia tratava o invasor com indiferença. Seu comportamento mostrou que ele não passou a fazer parte da colônia, mas não foi molestado por ela. Talvez as atitudes fossem diferentes se eles tivessem que lutar por recursos. O cientista imaginou essa possibilidade e gravou:

--- A colônia está ignorando a presença do rato livre Homer. A situação pode mudar em algum momento. Preciso num teste futuro diminuir os recursos alimentares disponíveis e verificar a reação da colônia a um invasor.

O bioquímico ainda trabalhou por algum tempo no computador e depois decidiu descer para a casa. Já eram mais de dez horas da noite e ele queria ler mais um capítulo de seu livro antes de dormir. No dia seguinte, após o trabalho, daria para analisar melhor a convivência de Homer com a colônia. Ele analisou que precisava começar logo testes com mamíferos mais complexos.

***

A tese de doutorado do bioquímico foi bastante apreciada pela bancada examinadora. As novas análises do poder, da influência e das mudanças de comportamento de insetos devido à feromônios impressionou a junta de doutores.

Ele queria iniciar outras pesquisas e continuar tendo acesso livre a universidade. Tentou algumas vezes verba para expandir estudos sobre ação dos feromônios em mamíferos, mas nunca conseguiu aprovação. A universidade tinha recursos limitados e grande parte destinada a novos futuros doutores. Na realidade seu objetivo era expandir a sua pesquisa privada para mamíferos aproveitando a estrutura da universidade. Começar uma criação de cachorros ou porcos em sua residência não era algo desejável, mas a sua meta seria testes com macacos, situação ainda mais complicada e inviável fora da universidade.

Seus esforços acabaram sendo em vão e o nerd continuou apenas com seu trabalho no ramo farmacêutico e suas pesquisas caseiras.

***

Ana e Rita estavam conversando na sala do café. Rita explicava que estava com dificuldades para pagar seu aluguel e que vivia muito distante da empresa. Ela queria arrumar alguém, de preferência mulher, que morasse mais próximo da empresa e disponível para dividir o aluguel.

O nerd ouviu aquela parte da conversa e algumas ideais brotaram rapidamente em sua mente. Claro que um ser humano como cobaia viola todas as leis morais e éticas, mas ele poderia aprender um pouco com doses mínimas do produto. Num impulso falou:

--- Olha Rita, eu vivo sozinho a trinta minutos de carro daqui, tenho quartos vagos com banheiro privativo e espaço na garagem de você precisar, se quiser um lugar temporário até arrumar alguém que você conheça mais fique a vontade.

Rita ficou um pouco desconfiada, mas ela conhecia e trabalhava próxima do bioquímico a mais de dois anos, embora não fossem amigos. Ele sabia que elas achavam que era gay devido a sua timidez, mas não se importava muito.

Rita agradeceu educadamente e não falou mais a respeito disso em sua frente. Achava o companheiro de trabalho muito esquisito e queria alguém mais extrovertido e popular para dividir espaço.

***

O nerd estava concentrado trabalhando no computador quando Rita sorridente o abordou tocando o seu ombro e falou discretamente:

--- Oi Luis, tudo bem? Sei que não tocamos mais nesse assunto, mas está um pouco complicado pagar o aluguel, sua oferta está de pé?

O pedido pegou o cientista de surpresa, mas ele rapidamente imaginou novamente seus planos e respondeu:
--- Sem nenhum problema. Quer ajuda na mudança?

Ela recusou educadamente:

--- Não precisa, tranquilo, o namorado da Ana vai ajudar, não tenho muita coisa para levar, mas muito obrigada, você vai me ajudar muito.

A mudança ficou combinada para o final de semana. Isso lhe daria tempo para uma nova manipulação da última versão da fórmula e estimativas da dose necessária para um ser humano.

***

Rita e Luis já estavam vivendo sob o mesmo teto a uma semana. Ela procurava ser simpática com o nerd, mas preferia manter uma vida o mais independente e distante possível dele. A casa era bastante grande para possibilitar esse fim. Luis não se preocupou muito com qualquer hábito ou preferência dela, apenas procurava evitar qualquer situação que poderia fazer ela ir embora. Seu cuidado maior foi que desde o primeiro dia ela soubesse que partes da casa eram áreas particulares de seu uso. Sua preocupação verdadeira era com o laboratório no sótão.

Rita queria desde o primeiro dia pagar pela hospedagem, já que sabia que a residência era de propriedade do nerd, mas ele recusou veementemente. Para compensar ela começou a cozinhar as vezes o que serviu para uma limitada aproximação social entre os dois.

O cientista sabia sobre a paixão por chocolate de Rita. Ele decidiu usar isso a seu favor. Decidiu que esse seria o meio de entrada da fórmula em seu corpo. Seria uma dose baixa, equivalente a menos de um quarto do que os últimos ratos tomaram para entrar para a colônia. A sua intenção é observar até onde a fórmula influenciará um mamífero complexo como um humano, mas não desejava prejudicar a garota.

Ele Comprou um caro e gostoso pedaço de bolo de chocolate de uma doceria da região. Com uma seringa aplicou a dose estimada do produto e levando o pedaço até o quarto de Rita falou:

--- Oi Rita, tudo bem? Comprei um pouco de bolo, vou deixar aqui se você quiser, eu já comi mais do que aguento.

A garota, sendo pega de surpresa com a atitude respondeu:

--- Não precisa se incomodar, obrigada, mas…

O nerd não saberia o que fazer se ela recusasse mesmo, então apenas fez um gesto breve com a mão e deixou o prato com o bolo sobre o criado mudo e se retirou.

Bastante discretamente ele espiou algum tempo depois que ela estava comendo o pedaço do bolo e até resmungou um lamentou sobre não ter mais. Estava iniciada a experiência.

Num rato a fórmula começa seus efeitos entre dez a doze horas após sua aplicação, mas ele é um mamífero mais simples e de cérebro bem pouco complexo. No caso de Rita seu cérebro humano é muitas vezes mais complexo e sua dose equivalente é menor. Talvez efeitos levassem dias para aparecer ou nem aparecessem.

Outra particularidade importante do experimento é que num rato doses pequenas da fórmula foram reversíveis após alguns dias da união a colônia e até puderam gerar filhotes, já doses maiores foram permanentes. O interesse de Luis não é provocar alterações permanentes em Rita, mas reversíveis após algum tempo. Ele está muito ansioso para ver os resultados que surgiriam e como seriam as mudanças num ser humano.

Continua…

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