Acordei me sentindo ainda fraca e levei algum tempo para conseguir abrir os olhos. Eu estava em um quarto desconhecido, mas logo recordei de um dos quartos da casa de Laura.
Imediatamente reconheci os sentimentos da minha Mestre. Ela se sentia sozinha e estava com raiva. Não tinha como partes desses sentimentos não me atingirem e me afetarem. Eu precisava ajudá-la.
Com algum esforço consegui me levantar e deixar o quarto. Caminhei até a sala, querendo encontrar logo Mestre Vedita, mas meus olhos cruzaram com Laura em minha direção. Ela disse:
--- Fique calma, você está em minha casa.
Eu estava confusa e tentando raciocinar e perguntei:
--- Como vim parar aqui? Onde está Mestre Vedita?
Laura respondeu com calma:
--- Ela está aqui e está bem. Eu não tinha como ajudá-la em sua casa, território de sua Mestre. Mas aqui Mestre Amy tem um poder maior de influência. Talvez eu possa ajudá-la aqui.
O sentimento de receber ajuda ou de mudar algo não pareciam importantes no momento, frente a necessidade de ajudar Mestre Vedita. Perguntei já ficando nervosa:
--- Onde está Mestre Vedita? Preciso vê-la agora!
Laura me pediu para segui-la até um cômodo nos fundos. Ao chegar, com horror, constatei Mestre Vedida presa dentro de uma gaiola de transporte de animais. Eu corri para libertá-la, quando senti a pressão em minha cabeça e a ordem de imobilização. Mestre Amy estava impondo seu desejo.
Assustada olhei para Laura que disse:
--- Infelizmente preciso que você resista mais.
Eu não conseguia e não queria resistir mais. Precisava libertar minha mestre e para isso vencer a ordem mental que estava sendo imposta.
Laura se aproximou e segurou meus ombros. Eu queria afastá-la, mas não consegui juntar forças. Senti a picada forte no meu braço e as minhas forças começaram a desaparecer rapidamente.
***
Acordei na cama e a minha consciência retornou aos poucos. Eu tentei sentir Mestre Vedita, mas ela parecia estar distante ou não tinha necessidades imediatas.
Abri os olhos para enxergar Laura ao meu lado com um olhar triste. Ela fez um carinho em minha cabeça e disse:
--- Eu tive que interromper a ligação entre vocês. Não imaginei que Mestre Vedita seria capaz de uma influência tão intensa. Como você está?
A minha cabeça doía bastante e eu não conseguia sentir minha mestre, o que me deixava ansiosa e desconfortável. Juntei forças e perguntei:
--- Onde está Mestre Vedita?
--- Está bem, está sedada, ainda ficará assim por algumas horas, tempo que temos para nos prepararmos.
Fiquei em dúvida de quais preparativos exatamente ela estava falando. Eu conseguia-me sentir livre, mas sabia que isso duraria apenas até o despertar de minha mestre. Laura não poderia mantê-la eternamente dopada. Laura pareceu adivinhar meus pensamentos e explicou:
--- Assim que você se sentir mais forte deixará essa casa juntamente com Mestre Amy. Eu não sei e não posso saber para onde vocês irão, mas devem ficar algumas semanas fora.
Alarmada falei:
--- Mas você e eu morreremos.
Laura discordou:
--- Não, acho que não, e Mestre Amy concorda. Ela já começou o processo de criar ligação com você, mas com Mestre Vedita próxima esse vínculo não tem como se fortalecer. Distante daqui será possível criar um vínculo entre vocês e manter vocês vivas.
Laura adivinhou a próxima pergunta e continuou:
--- Eu estarei sozinha e com Mestre Vedida consciente. Ela pode me influenciar, mas eu não saberei onde vocês estão. Ela será obrigada a iniciar um vínculo comigo.
Considerei o plano quase um suicídio e falei:
--- Você mesma me disse que os vínculos são vitalícios. Você acha que eles podem ser substituídos? E mesmo que possam, você estará sozinha com Mestre Vedita.
--- Eu sei que corremos algum risco, mas está na hora de enfrentarmos os paradigmas da existência dos mestres. Se por acaso tudo der errado, então morreremos, mas não posso mais vê-la sofrer, temos que tentar.
Uma lágrima desceu pelos meus olhos e não resisti a proximidade do rosto de Laura. Levantei um pouco e fiz nossos lábios se tocarem. Ambas não aguentaram e encostamos-nos a um duradouro e prazeroso beijo. Naquele momento tive certeza do meu amor por ela.
Nas próximas horas Laura me ajudou a arrumar algumas poucas roupas. Eu tinha dinheiro para me manter por alguns meses e Laura foi categórica:
--- Saia da cidade, aqui é muito pequeno para se esconder, siga para a capital ou outro lugar no interior. Vocês só devem retornar quando tiver a certeza que um vínculo entre vocês está forte e não pode ser rompido.
Com intensa tristeza por estar se afastando do meu amor perguntei:
--- Você estará viva quando eu retornar?
--- Sim, lutarei a cada dia para poder sentir os seus lábios novamente.
Logo meu carro estava se afastando da casa. Eu tinha uma esperança forte de Laura não estar dando a sua vida por mim.
Eu já tinha planos em mente e em alguns minutos já estava entrando na estrada e me afastando da cidade.
Tentei sentir as necessidades de Mestre Amy, mas nosso vínculo é muito fraco. Eu esperava isso mudar em alguns dias.
Continua…
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